O conceito de situação não tem aqui o sentido de situação didáctica, mas antes o sentido de tarefa; a ideia é que qualquer situação complexa pode ser analisada como uma combinação de tarefas, cuja natureza e dificuldade próprias é importante conhecer. A dificuldade de uma tarefa não é, nem a soma, nem o produto das dificuldades das diferentes subtarefas, mas é claro que o fracasso numa subtarefa implica o fracasso global. (VERGNAUD, 1990, p. 146)
O conceito de situação foi bastante renovado por Guy Brousseau, que lhe deu não apenas um alcance didático que ele não tinha na psicologia, mas também uma significação na qual a dimensão afetiva e dramática intervém tanto quanto a dimensão cognitiva. A encenação dos conceitos e procedimentos matemáticos é uma arte que se nutre tanto da psicologia social como da epistemologia e da psicologia das matemáticas.
Não tomamos aqui o conceito de situação com toda essa significação; nos limitamos ao sentido que lhe dá habitualmente o psicólogo: os processos cognitivos e as respostas do sujeito são função das situações às quais eles são confrontados. E retemos duas ideias principais:
1) A de variedade: existe uma grande variedade de situações em um campo conceitual dado, as variáveis de situação são um meio de gerar de maneira sistemática o conjunto das classes possíveis;
2) A de história: os conhecimentos dos alunos são moldados pelas situações que eles encontraram e dominaram progressivamente, notadamente pelas primeiras situações suscetíveis de dar sentido aos conceitos e procedimentos que queremos lhes ensinar” (VERGNAUD, 1990, pp. 149-150)
Texto original
Situation . “Le concept de situation n’a pas ici le sens de situation didactique mais plutôt celui de tâche, l’idée étant que toute situation complexe peut être analysée comme une combinaison de tâches dont il est important de connaître la nature et la difficulté propres. La difficulté n’est ni la somme ni le produit de la difficulté des différentes sous-tâches, mais il est clair que l’échec dans une sous-tâche entraîne l’échec global. » (VERGNAUD, 1990, p. 146)
« Le concept de situation a été beaucoup renouvelé par Guy Brousseau, qui lui a donné non seulement une portée didactique qu’il n’avait pas en psychologie, mais aussi une signification dans laquelle la dimension affective et dramatique intervient autant que la dimension cognitive. La mise en scène des concepts et des procédures mathématiques est un art qui s’alimente aussi bien à la psychologie sociale qu’à l’épistémologie et à la psychologie des Mathématiques.
Nous ne prendrons pas le concept de ‘situation’ avec toute cette signification ici ; nous nous limiterons au sens que lui donne habituellement le psychologue : les processus cognitifs et les réponses du sujet sont fonction des situations auxquelles ils sont confrontés. Et nous retiendrons deux idées principales :
1) Celle de variété : il existe une grande variété de situations dans un champs conceptuel donné, et les variables de situation sont un moyen de générer de manière systématique l’ensemble des classes possibles;
2) Celle d’histoire : les connaissances des élèves sont façonnées par les situations qu’ils ont rencontrées et maîtrisées progressivement, notamment par les premières situations susceptibles de donner du sens aux concepts et aux procédures qu’on veut leur enseigner » (VERGNAUD, 1990, pp. 149-150)
Referências
VERGNAUD, G. La théorie des Champs Conceptuels. Recherches en Didactique des Mathématiques. Grenoble: La Pensée Sauvage, vol. 10, nº 2.3, p. 133-170, 1990.