É uma situação que se resolve com a passagem de um conhecimento de seu papel como meio de resolver uma situação de ação, formulação ou prova, para um novo papel, o de referência para utilizações futuras, pessoais ou coletivas. Exemplo: a resolução de um problema, se declarada típica, pode se tornar um método ou um teorema. Antes da institucionalização, o aluno não pode se referir a este problema que ele sabe resolver: diante de um problema semelhante, ele deve produzir novamente a demonstração. Pelo contrário, após a institucionalização, ele pode utilizar o teorema sem dar a demonstração ou o método sem justificá-lo. A institucionalização envolve, portanto, uma mudança de convenção entre os actantes, um reconhecimento (justificado ou não) da validade e utilidade de um conhecimento, e uma modificação deste conhecimento – que é “encapsulado” e designado – e uma modificação de seu funcionamento. A institucionalização é, portanto, uma certa transformação do repertório comum aceito e utilizado por seus protagonistas. A institucionalização pode consistir em um acréscimo ao repertório, mas também em uma retirada de uma crença comum repentinamente reconhecida como falsa. Os conhecimentos do repertório funcionam com um jogo de status mais complexo, dependendo de seu uso. Uma institucionalização pode consistir em modificações mais sutis. Por exemplo, a adoção de um abuso de linguagem como sinal de pertencer a uma instituição.
A institucionalização já pode ocorrer em situações não didáticas de autoaprendizagem espontânea e em processos autodidáticos, é então uma convenção interna do grupo de actantes (institucionalização não didática).
Mas está obviamente ligada fundamentalmente ao processo didático e resulta de uma intervenção específica. É ela que permite ao professor e ao aluno reconhecer e legitimar o “objeto do ensino”, mesmo que o vejam de maneiras diferentes. Pode consistir no reconhecimento pelo professor do valor da produção dos alunos.
Afirma então: (1) que a proposta do estudante é válida e reconhecida como tal fora do contexto particular da situação atual, (2) que será utilizada em outras ocasiões, ainda desconhecidas, (3) que será então mais vantajoso reconhecê-la e utilizá-la em sua forma reduzida do que estabelecê-la novamente, (4) que será aceita diretamente por todos ou, pelo menos, por iniciados.
Texto original
Situation d’institutionnalisation d’une connaissance. C’est une situation qui se dénoue par le passage d’une connaissance de son rôle de moyen de résolution d’une situation d’action, de formulation ou de preuve, à un nouveau rôle, celui de référence pour des utilisations futures, personnelles ou collectives. Exemple : la résolution d’un problème, si elle est déclarée typique peut devenir méthode ou théorème. Avant l’institutionnalisation, l’élève ne peut pas se référer à ce problème qu’il sait résoudre : devant un problème semblable, il doit produire à nouveau la démonstration. Au contraire après l’institutionnalisation, il peut utiliser le théorème sans en redonner la démonstration ou la méthode sans la justifier. L’institutionnalisation comporte donc un changement de convention entre les actants, une reconnaissance (justifiée ou non) de la validité et de l’utilité d’une connaissance, et une modification de cette connaissance – qui est « encapsulée » et désignée – et une modification de son fonctionnement. Il correspond donc à une institutionnalisation une certaine transformation du répertoire commun accepté et utilisé par ses protagonistes. L’institutionnalisation peut consister en une adjonction au répertoire mais aussi en un retrait d’une croyance commune reconnue soudain comme fausse. Les connaissances du répertoire fonctionnent avec un jeu de status plus complexe, suivant leur usage. Une institutionnalisation peut consister en modifications plus subtiles. Par exemple l’adoption d’un abus de langage comme signe de l’appartenance à une institution.
L’institutionnalisation peut déjà se produire dans des situations non didactiques d’auto- apprentissage spontané et aussi dans des processus auto-didactiques, c’est alors une convention interne au groupe d’actants (institutionnalisation non didactique).
Mais elle est évidemment fondamentalement liée au processus didactique et résulte d’une intervention spécifique. C’est elle qui permet au professeur et à l’élève de reconnaître et de légitimer « l’objet de l’enseignement », même s’ils le voient de façons différentes. Elle peut consister en la reconnaissance par l’enseignant de la valeur d’une production des élèves.
Elle affirme alors : (1) que la proposition de l’élève est valide et reconnue comme telle hors du contexte particulier de la situation présente, (2) qu’elle servira dans d’autres occasions, encore non connues, (3) qu’il sera alors plus avantageux de la reconnaître et de l’utiliser sous sa forme réduite que de l’établir à nouveau (4) qu’elle sera acceptée directement par tous ou au moins par les initiés.
Referências
BROUSSEAU, GUY. Glossaire de quelques concepts de la théorie des situations didactiques em mathématiques (1998). In: BROUSSEAU, G. (Org.). Glossaire_V5, p. 01-09, 2010.